quinta-feira, 16 de novembro de 2017

As crianças mandam os adultos obedecem!

Ás 11 horas da quinta feira 16 de novembro de 2017. O pós feriado lota os bancos, lotéricas e claro..os correios. Mas mesmo sabendo da possibilidade de uma fila extensa, caminho decidida até o Correio. É apenas uma quadra, então chego rapidinho no local com meu envelope em baixo do braço e rezando para que a espera não seja longa. 

Adentro as portas e retiro a minha senha, 69. Sento. Olho para o painel eletrônico que pisca a senha de número 63. Cinco pessoas na minha frente. As cinco pessoas em questão estavam todas sentadas atras de mim, nas duas filas de três cadeiras cada. A sexta cadeira estava ocupada pelo cônjuge de uma das pessoas que tinha senha. Sendo que restavam no correio apenas duas cadeiras, ambas prioritárias, ao meu lado direito. 

Logo atras de mim entra no correio um casal de senhores. Ele um homem baixinho, magricelo, moreno de poucos cabelos, chinelos nos pés e mãos visivelmente judiadas de trabalhar com a terra. Segurando sua mão direita está uma menininha de mais ou menos quatro ou cinco anos, cabelos lisos puxados para trás em um rabo de cavalo, com tic-tacs coloridos garantindo que nem um fiapo escape do lugar. No ombro pende uma bolsa cor de rosa escuro em formato de boca exibindo a marca Barbie, que compõem perfeitamente com o vestido rosa mais claro que vai até os joelhos terminando num babado delicado. Nos pés sandalinhas no mesmo tom do vestido. Segura a outra mão da menina, uma senhora morena, com os cabelos presos de qualquer forma, sacolas de mercado nas mãos. De bermuda de malha até os joelhos, chinelos nos pés. Assim como o marido, a senhora tem mãos ásperas, dedos grossos e unhas por fazer.

Param os três na porta, contam as pessoas na espera, entreolham-se, calculam o tempo, cochicham e decidem por esperar. Então, o senhor larga a mão da menina e se dirige até o dispenser de senhas. Retira duas senhas e se senta ao meu lado deixando uma cadeira vaga entre nós. Imediatamente a menina corre para a cadeira vaga e se espichando toda, consegue sentar-se. O homem olha para a menina e diz: "Deixa a vó sentar!". A menina ecoa um sonoro e claro "Não", e vai abrindo sua bolsa de boca para ter acesso a seus pertences. A avó que em pé estava em pé ficou, carregada com suas sacolas. 

Indignada  com a cena pensei em levantar-me para ceder o lugar para a pobre senhora, mas logo desisti diante da falta de educação da criança. Esses pensamentos rondavam minha mente quando a criança olhou de lado para mim, meus olhos em fúria fizeram a menina deslizar para o lado do avô até se encostar nele. Nesse momento o avô passou o seu braço esquerdo por sobre os ombros da menina no intuito de abraça-la e novamente ouviu-se um sonoro "não"... seguido de um empurrão no braço do senhor. 

Estarrecida voltei a olhar para a menina com olhos incrédulos e - talvez - ameaçadores o que fez com que a menina - até que enfim - se levantasse da cadeira. Ela caminhou até a avó e ordenou: "Senta lá". A avó que até então estava de pé em posse de suas sacolas, sentou-se ao meu lado. Apoiou as sacolas no chão e gentilmente ofereceu colo para a neta. Mais uma vez o "não" ecoou pela sala dos correios e posteriormente o silencio tomou conta do ambiente.

Baixei a cabeça e me pus a pensar... o que significa isso?! Que futuro terão essas crianças?! Ou melhor...que futuro teremos nós nas mãos desses seres que parecem ter vindo ao mundo com um chip no lugar do coração?! Mini maquinas que nascem capazes de dominar Smartphone mas são incapazes de demonstrar compaixão, respeito e educação.
Fiquei ali, esperando a minha vez e agradecendo aos céus pelos meus oito filhos de quatro patas....porque quanto mais eu conheço as pessoas...mais eu admiro, respeito e amo os animais. 

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