sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Pause

Quantas vezes desejamos pausar o tempo?! Olhar a vida de cima?! Ficar aquele minuto a mais na cama, aquele tempo no colo, uma horinha a mais no banho?! Pausar o por do sol por um dia, alongar as noites e triplicar o tempo do happy hour?! Mas...como nada disso é possível, resta curtir cada momento ao máximo, em sua plenitude...o que, nem sempre conseguimos, dopados pelo frenesi de fazer mil coisas ao mesmo tempo, para cumprir em dia todas as tarefas que designamos a nós mesmos.

Mas ontem durante uma pedalada deliciosa pelas estradas do interior, exigindo o máximo do meu corpo, a mente vazia. Incrível como nossa mente se desconecta de tudo para focar no objetivo, na linha de chegada. Foram três horas em total conexão comigo e com o ambiente ao meu redor. A atenção a cada respiração, o respeito ao meu limite, o desafio de mais uma pedalada, o discernimento entre o seguir e o empurrar. Pude sentir como se meu corpo todo estivesse envolvido por completo numa mesma sintonia. Absolutamente tudo respondia ao mesmo impulso, ao mesmo objetivo.

E como somos perfeitos...completos...todos os sentidos aguçados, os músculos trabalhando em potencia máxima, o suor resfriando o corpo, o coração pulsando rápido os pulmões sedentos por mais ar. É uma sensação incrível. É aquele prazer de conseguir, de se autodesafiar  e chegar.

E nesse caminho pausei meus olhos em lugares lindos em que passamos. Aqueles lugares nos quais minha mente logo ergueu uma casinha e fomos morar...como no pé daquela arvore imponente que jogava sua sombra na grama aparada e balançava suas folhas no ritmo do balanço das águas do lago a sua frente. E ali,aos seus pés poderia deter-me por horas.

Meu olhar também quedou-se atento à casinha já pronta, de janelas grandes na varanda, com patio de grama na frente, cerca de arbustos e um caminho de pedra. E quando meu olhar alcança os fundos...haa que prazer deitar-se naquela grama, perto da água, na sombra das arvores e com os cachorros a correr.

E não é sobre desejar o que é dos outros, nem sobre não ser feliz com o que se tem... pelo contrario, é sobre ser grato por tudo o que temos, mas sonhar com aquele espaço de grama, com a sombra da arvore e os passarinhos à cantar.

É poder pausar o tempo sem parar de pedalar. É guardar na mente as imagens, os cheiros e seguir em frente completa e repleta de tudo aquilo que te faz bem. É como transportar a paz, o silencio e o ar puro dentro de sí.

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