Era um sábado de sol manso, primeiro ou segundo dia de outono, não me recordo bem. Ainda fazia calor no sul do mundo, embora as folhas das árvores balançassem mansamente e o sol em diagonal já não aquecesse tanto a terra como antes.
Estacionada a esmo numa rua qualquer admirando os tons dourados e aconchegantes que o sol impunha ao entrar pela janela aberta do carro, sinto meu olhar até então distraído ser fisgado por uma cena curiosa.
Do outro lado da rua uma casa cinza com grades pretas de estrelinha nas janelas, exibe uma curiosa coleção de vassouras em sua varanda. Minimamente curioso.
A varanda bastante diminuta, quase que apenas um patamar, se estende por no máximo dois metros na lateral da casa cinza, logo ao final do último dos dois degraus que levam na calçada até a porta de entrada da casa.
Uma cerquinha de ferro forma o peitoral que ladeia a lateral e o fundo da varandinha. E é lá, na parte do fundo da varanda, que fica a coleção de vassouras. São seis vassouras e uma pá, todas penduradas logo abaixo do teto da varanda, enganxadas pela ponta do cabo num varão branco que se estende da coluna até a parede na lateral da porta da casa.
São vassouras de diferentes tamanhos. Redondas, quadradas, quase todas mesclando tons de verde.
Enquanto analiso a cena curiosa e me perfunto: porquê alguém guarda suas vassouras na entrada da casa, expostas de frente pra rua?!
Pareço descobrir a possível resposta.
Um senhor na faixa de 70 anos salta da porta com, pasmem, uma vassoura nas mãos. Ele vem varrendo a casa de dentro pra fora, varre a varanda em questão e então termina pendurando sua vassouras também no telhado da varanda, porém na ponta da frente, quase sobre o último degrau da escada.
Ele desce e em seguida volta com um pano nas mãos, se ajoelha e passa o pano no piso da varanda, logo após ele estende o pano na cerca da varanda, distraído bate a cabeça na vassoura que está sobre o degrau da escada e assim termina sua faxina semanal.
Dois cachorros caramelo surgem na varanda e se deitam com paciência no piso a recém limpo. O homem some para os fundos da casa e tudo parece perfeitamente em ordem na casa cinza do outro lado da rua.
Concluo aquilo que já sabemos...homens são bem mais práticos e tem bem menos senso estético que as mulheres.
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